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O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta segunda-feira (9) os interrogatórios dos oito acusados de integrar o chamado “núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado articulada em 2022, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Responsável pelo caso, o ministro Alexandre de Moraes iniciou a oitiva pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele é o único entre os réus que se comprometeu a prestar depoimento. Os demais têm o direito constitucional de permanecer em silêncio.
Durante seu depoimento, Cid afirmou que Bolsonaro trabalhava com duas hipóteses para reverter o resultado das eleições: a comprovação de fraude ou uma mobilização popular radical. Segundo ele, o ex-presidente teria recebido uma minuta de decreto com teor golpista e chegou a fazer alterações no documento. "O presidente Jair Bolsonaro leu e enxugou o documento. Retirou a prisão de várias autoridades, mantendo apenas Alexandre de Moraes", relatou o delator.
Cid também negou ter sido coagido a colaborar com a Justiça e afirmou que áudios em que critica a delação foram desabafos pessoais em momentos de crise.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os réus integram o “núcleo crucial” de uma organização que tentou romper a ordem democrática e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Os interrogatórios, conduzidos por Moraes na sala da Primeira Turma do STF, ocorrem presencialmente, com exceção do general Walter Braga Netto, que participa por videoconferência devido à sua prisão. Estão presentes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A dinâmica da audiência segue uma ordem fixa: primeiro questiona o ministro Moraes, depois o procurador-geral e, por fim, os advogados de defesa, respeitando a ordem alfabética dos réus.
Ordem dos réus presentes:
Mauro Cid – delator e ex-ajudante de ordens;
Alexandre Ramagem – deputado federal e ex-diretor da Abin;
Almir Garnier Santos – ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça;
Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.
Cronograma dos interrogatórios:
9 de junho: das 14h às 20h
10 de junho: das 9h às 20h
11 de junho: das 8h às 10h
12 de junho: das 9h às 13h
13 de junho: das 9h às 20h
A fase atual marca o encerramento da instrução penal. Em seguida, as partes poderão solicitar novas diligências, antes da abertura do prazo de 15 dias para as alegações finais. Só então o relator apresentará seu voto.
A expectativa é que o julgamento do “núcleo 1” ocorra entre setembro e outubro deste ano. A data exata ainda será definida.
Autor: Da Redação
Data: 09/06/2025